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  • Soft Soil Brazilian Review

28° Edição-Aterros de acesso a pontes e viadutos.


Conceitos que envolvem aterros de acesso a pontes e viadutos, rodoviá- rias e ferroviárias, tem sido objeto de inúmeros estudos recentes em todo o mundo. No Brasil, ainda existe lacuna de literatura técnica especializada, com algumas exce- ções. Torna-se necessário, portanto ampliar a produção deste conheci- mento, nesta área que, invariavel- mente, causa muitos transtornos e prejuízos, particularmente onde há presença de solos moles, submetido a mudanças climáticas e ambientais. Neste sentido, problemas de erosão e ressaltos nos aterros de encontro, apresentados nesta edição da SSBR, representam apenas uma pequena amostra das questões que envolvem a ação do fenômeno em Obras de Arte Especiais da malha viária brasileira. Um aspecto importante deste con- texto, a laje de transição, é um dos elementos importantes na interface ponte e via que, entre nós, não possui diretrizes de abrangência nacional de projeto e detalhamento. Os responsá- veis pelos departamentos estaduais de estradas, por exemplo, não têm consenso para a utilização destes elementos. Outra questão também, bastante evidente, é a maior vulne- rabilidade das pontes com extremi- dades em balanço, cujos aterros de acesso constituem-se em elementos de grande sensibilidade aos efeitos danosos da erosão. Considerando que dados do DNIT, mostram que entre as pontes cadastradas nas rodovias federais, 50% possuem um vão e dois balanços, é de se esperar que exista também um percentual significativo de tal tipologia nas rodovias esta- duais e municipais, o que significa que, além dos aspectos relacionados à ausência de manutenção, uma grande quantidade das pontes ro- doviárias antigas, foi projetada com tipologia estrutural, conceitualmen- te frágil aos efeitos da erosão, nos aterros de acesso. Esta questão, só pode ser abordada adequadamente se analisada no contexto de visão mais abrangente, que considere a prática da manutenção das Obras de Arte Especiais como um todo que, infeliz- mente, representa um problema crô- nico e de consequências altamente danosas para o setor produtivo e para a sociedade em geral. No Brasil, a elaboração de projetos de pontes, que começa com a má remuneração de projetistas, chega ao ponto de dimi- nuir até a quantidade das sondagens geotécnicas, necessárias para melhor identificar o solo de fundação, asso- ciado ao descaso com a conservação, traz consequências danosas para os usuários que pagam por esses bens públicos e, muitas vezes, são obrigados a utilizá-los sem condi- ções mínimas de funcionalidade e estabilidade, conforme comprova o significativo aumento dos acidentes estruturais com pontes e viadutos ocorridos nos últimos anos. Mais de 50% da malha viária encontra-se em estado deficiente, ruim ou péssimo e este índice, certamente, deve ser ain- da maior para pontes e viadutos, pelo estado de deterioração que pode ser observado nas partes visíveis de suas estruturas. Muito provavelmente, os danos nas partes pouco visíveis podem ser ainda de maior magnitude. Diante deste cenário, torna-se necessário o estabelecimento de metas voltadas para a boa qualidade das Obras de Arte Especiais, do sistema viário brasileiro, como a elaboração de projetos baseados em estudos e dados consistentes, e a realização de manutenção periódica de pontes e viadutos existentes, como parte de um sistema mais amplo de gestão, baseado em procedimentos técnicos apropriados, que contemple um rigoroso cadastro das obras com os danos identificados e inspeções feitas por profissionais devidamente treinados e qualificados.

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